500 Francs/Amafranga – 1980 – Burundi
- awada
- 29 de out. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 28 de jun. de 2023
O coração do conflito entre as etnias dos Hutus e Tutsis no Burundi.


No Burundi, um pequeno país encravado no coração da África Subsaariana, aproximadamente 85% da sua população é da etnia hutu, 15% são tutsis e menos de 1% são twa. E grande parte dos problemas desta nação residem justamente aí. Em 1885, na partilha da maior parte da África pelas potências europeias, o atual território do Burundi foi entregue à Alemanha. Com a chegada dos colonos alemães, as já antigas rivalidades entre hutus e tutsis foram agravadas, com os tutsis ganhando status de elite privilegiada, com acesso à educação, às Forças Armadas e a postos na administração estatal. Após a Primeira Guerra Mundial, o Burundi foi unificado com a vizinha Ruanda, ficando sob tutela da Bélgica, que manteve as prerrogativas dos tutsis. Em 1962, Burundi e Ruanda voltam a se separar e se tornam independentes. Com a saída da força militar belga, a luta pelo poder transformou-se em um conflito étnico. Os ressentimentos acumulados durante décadas de período colonial explodiram na forma de rebeliões, golpes de Estado, atentados, assassinatos e intrigas palacianas, o que provocou a morte de dezenas de milhares de pessoas. Mas qual a origem desta rivalidade? De acordo com estudiosos, os hutus se estabeleceram pela primeira vez na região dos Grandes Lagos da África Central entre 500 e 1.000 a.C. De um modo geral, os hutus eram um povo agrícola que vivia em grandes grupos familiares. Já os tutsis eram um povo nômade e pastoral que começaram a chegar à região dos Grandes Lagos vindos da Etiópia há cerca de quatrocentos anos atrás. Os tutsis por fim acabaram se estabelecendo entre os hutus, adotando sua língua, crenças e costumes. Mas as diferenças econômicas entre os grupos logo começaram a surgir. Os tutsis, como pastores de gado, muitas vezes estavam em uma posição de domínio econômico em relação aos hutus, que tiravam seu sustento do solo. Deste modo, a única diferença entre os dois grupos era econômica, e não étnica. Mas foram estas diferenças que levaram aos genocídios tanto em Ruanda em 1994 como em Burundi em 1972 e 1993, ora praticados pelos tutsis contra os hutus, ora o contrário. Este ciclo de genocídios criou memórias e sentimentos de ódio baseados na identidade que provavelmente continuarão a assombrar o futuro de Burundi e Ruanda.
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