500 Francs – 1994 – Estados da África Ocidental (Burquina Faso)
- awada
- 24 de out. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 28 de jun. de 2023
Os "capitães das trevas" e sua missão civilizadora que se tornou um capítulo negro do colonialismo na África.


Burquina Fasso tornou-se uma colônia francesa da África Ocidental a partir de 1896 e foi chamada na época Haute Volta (Alto Volta). Este nome é uma referência à sua localização geográfica nos cursos superiores do rio Volta. Após sua independência em 1960 ela se tornou uma república e manteve o nome dos tempos coloniais até 1984, quando foi renomeada como Burquina Fasso. O novo nome foi criado a partir de duas palavras das principais línguas tribais do país - "burkina", que na língua more significa "homens íntegros"; e "faso", que na língua diúla significa "terra natal". O resultado é "terra das pessoas íntegras". O país é dominado pela etnia Mossi. Tribo de brilhantes cavaleiros, os Mossi repeliram invasores em busca de escravos e outras tribos rivais e seu reino permaneceu intacto por 400 anos, até que em 1896 caiu nas mãos dos franceses. Os oficiais que lideraram a expedição que tinha como ordem "colocar a região sob proteção francesa" se chamavam Paul Voulet (comandante) e Julien Chanoine (segundo em comando). Posteriormente eles ficaram conhecidos como "os capitães das trevas" por serem pessoas de métodos macabros e sanguinários. Entre as atrocidades por eles cometidas estavam espetar as cabeças das suas vítimas em postes, assar crianças em fogueiras e pendurar soldados que os desagradassem a uma altura em que seus pés podiam ser alcançados pelas mandíbulas das famintas hienas e o resto do corpo pelos abutres. Quando seus superiores tentaram dar um basta a esta selvageria e colocaram um regimento para caça-los e prendê-los, Voulet resistiu e matou o oficial responsável pela sua captura. Ele disse então às suas tropas que não era mais um francês, mas um "chefe negro", que fundaria o seu próprio império. No fim ambos acabaram sendo mortos pelos próprios soldados. A recusa de Voulet e Chanoine em seguir as ordens da França, o assassinato do oficial comandante encarregado de prendê-los e as mortes subsequentes de Voulet e Chanoine pelas mãos de seus próprios soldados lançaram uma sombra negra sobre o emergente império colonial da França na África no final do século XIX. Os franceses, constrangidos pelo fato de sua "missão civilizadora" nas suas colônias ter dado tão errado, atribuíram as atividades de Voulet e Chanoine ao "calor enlouquecedor da África". Não é de se estranhar que esta triste história tenha gerado muitos livros, filmes e documentários.
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