Cédulas de mesmo valor para diferentes partes do país.

É estranho pensar que um país tenha duas cédulas de mesmo valor em circulação, mas com designs diferentes. Mas é justamente isto o que acontece na Bósnia e Herzegovina. Há uma emissão que circula na parte croata do país e outra na parte sérvia. Apesar do design das cédulas ser o mesmo, o nome do Banco Central e a denominação estão descritos tanto com letras latinas como cirílicas. Na emissão croata as inscrições latinas ficam no topo enquanto na emissão sérvia são as inscrições cirílicas que ficam no topo. As figuras em ambos os lados das cédulas são diferentes na maioria das denominações. Mas qual a explicação para isto? Ela tem a ver com a complexa relação entre as etnias sérvias, croatas e mulçumanas nesta região dos Balcãs. A República da Bósnia e Herzegovina foi criada em 1992, após o colapso em 1989 do governo comunista da Iugoslávia, a quem seu território estava anexado. Isto trouxe à tona tensões há muito tempo existentes entre os bósnios mulçumanos e os bósnios croatas que apoiaram a criação da nova república e os bósnios sérvios que se recusavam a se separar da Iugoslávia. Isto levou a uma guerra civil ainda em 1992 que deixou mais de 2 milhões de desabrigados e 200 mil mortos. Em 1995 foi assinado um acordo de paz intermediado pela ONU, e desde então suas forças encontram-se no território para garantir o seu cumprimento. O acordo determina que a República da Bósnia e Herzegovina passa a ser uma federação composta de duas entidades territorialmente e politicamente autônomas - de um lado a Federação Bósnio-Croata situada na parte setentrional do país e controlada por bósnios mulçumanos e bósnios croatas, e de outro lado a impronunciável República Srpska, na parte meridional e governada por bósnios sérvios. O acordo ainda estipulou que três presidentes passariam a ser eleitos pelos bósnios - um para cada grupo étnico.