5.000 Francs – 1992 – Benin
- awada
- 10 de out. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 28 de jun. de 2023
Agudás. Os "brasileiros" do Benin.


Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe são os países lusófonos na África, mas há uma outra pequena nação não-lusófona com estreitas ligações com o Brasil – o Benin. É uma história que teve início séculos atrás, no auge do tráfico de escravos entre a África e o Brasil. Um dos menores países do continente africano, o Benin, que na época era chamado Reino de Daomé, era um dos entrepostos portugueses para o comércio escravocrata, na então chamada Costa dos Escravos. Mas, como a princípio se poderia pensar, o processo de escravidão não foi uma via de mão única - da África para o Brasil. Muitos dos escravizados acabaram retornando à sua terra natal. E o fizeram principalmente de duas formas. Em 1835 eclodiu na Bahia a Revolta dos Malês, o maior levante de escravizados na história do Brasil. Derrotados, grande parte deles foram enviados de volta à África, e Porto Novo, hoje a capital do Benin, era o destino mais comum. Outros, conhecidos como escravos de ganho, que eram escravos que realizavam serviços de rua para seus senhores e conseguiam desta forma criar um pecúlio, compraram sua liberdade e retornaram à cidade de Uidá, também no Benin, o que os tornou conhecidos como "Agudás". Ao retornarem, os Agudás levaram com eles os costumes do Brasil, incluindo seus festejos, suas vestimentas e sua culinária. Apenas a língua não resistiu – o Daomé foi colonizado pela França e adotou o seu idioma, embora os "brasileiros" preservaram algumas palavras do português. Ao todo estima-se que entre 5% e 10% da população beninense de 10 milhões de habitantes seja descendente de escravizados que emigraram do Brasil. Não é de se estranhar, portanto, que em Porto Novo há uma festa do Senhor do Bonfim e uma dança folclórica chamada burrinha, similar ao bumba-meu-boi. Iguarias como o sarapatel também são encontradas no Benin. Há os chamados "bairros brasileiros", com uma arquitetura de características portuguesas, e mais de 400 sobrenomes brasileiros ou portugueses, adotados pelos antigos escravos de seus senhores. Em 2003, a escola de samba Unidos da Tijuca cantou a história dos Agudás no Carnaval. O enredo se chamava "Agudás, Os Que Levaram a África No Coração, e Trouxeram Para o Coração da África, o Brasil".
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