“Se você acha que entendeu alguma coisa sobre a Mecânica Quântica, então é porque você não entendeu nada.” (Richard Feynman)

Erwin Schrödinger (1887-1961) foi um físico teórico austríaco e um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento da Mecânica Quântica. Em 1933, foi premiado com o Nobel de Física, juntamente com Paul Dirac (1902-1984), pelo desenvolvimento da equação de onda, que passou a ser conhecida como Equação de Schrödinger. Essa equação descreve como o estado quântico de um sistema evolui no tempo e tornou-se um dos pilares fundamentais da física moderna. Apesar desse e de outros grandes avanços, grande parte de sua fama pública provém do célebre experimento mental conhecido como “O Gato de Schrödinger”, apresentado em 1935. O experimento evidencia a tensão entre a interpretação clássica do mundo e o princípio da superposição quântica, segundo o qual um sistema físico pode existir em vários estados possíveis simultaneamente até que uma medição seja realizada. Com isso, Schrödinger buscava criticar — e não ilustrar literalmente — a interpretação de Copenhague da Mecânica Quântica. Décadas depois, esse e outros paradoxos quânticos motivaram comentários espirituosos de físicos como o citado acima por Richard Feynman (1918-1988), que reconheciam a profundidade e a estranheza dessas ideias. Em 1944, Schrödinger publicou O que é a vida? O aspecto físico da célula viva, obra marcante na interface entre física e biologia. Nela, introduziu o conceito de “cristal aperiódico”, uma estrutura molecular capaz de armazenar informação genética — visão que antecipou, com notável precisão, a busca por um suporte físico da hereditariedade. Em 1953, James D. Watson e Francis Crick propuseram o modelo de dupla hélice do DNA. Ambos reconheceram a influência do livro de Schrödinger na formulação inicial de suas ideias sobre o armazenamento e a transmissão da informação genética. Além de seu papel na física e na biologia teórica, Schrödinger também se destacou como pensador filosófico, defendendo uma visão unitária da realidade inspirada em tradições orientais, o que evidencia a amplitude intelectual do cientista.