Da conquista à partilha: o fim da África Oriental Alemã após a Primeira Grande Guerra.

A África Oriental Alemã (Deutsch-Ostafrika) foi uma colônia do Império Alemão entre 1885 e 1919, localizada no que hoje corresponde à Tanzânia e partes de Ruanda e Burundi. Tratados obtidos por um comerciante com chefes tribais da costa lesta da África foram a base para o então chanceler alemão Otto von Bismarck estabelecer um protetorado. A motivação para a colonização fez parte de um contexto mais amplo do imperialismo europeu no final do século XIX. A posse de colônias era vista como um símbolo de poder global, e a Alemanha, uma potência nova que buscava reconhecimento internacional, especialmente em relação a França e Reino Unido, não queria ficar de fora do que ficou conhecido como a "corrida pela África". Ainda havia motivações econômicas, como acesso a recursos naturais, terras férteis e mão de obra barata e abundante, e estratégicas, como o acesso as rotas comerciais para a Índia e o canal de Suez. Como outros impérios coloniais, os alemães adotaram o discurso da "missão civilizadora", alegando que levariam o cristianismo, educação e progresso, apesar de haver um viés racista, com a ideia de superioridade europeia e o direito de dominar povos "atrasados". A Alemanha investiu em infraestrutura ferroviária, estabeleceu escolas e plantações de café e algodão. O sistema porém era fortemente exploratório e autoritário, com repressão violenta a revoltas, uma das quais, a Revolta Maji Maji (1905-1907), deixou um saldo de cerca de 250 mil mortos, muitos por fome. Após o fim da Primeira Guerra Mundial, a colônia foi dividida entre membros da Liga das Nações, com a maior parte da então chamada Tanganica ficando sob controle britânico, enquanto Ruanda e Burundi passaram para o domínio belga. No fim, o domínio alemão na África Oriental deixou um legado de sofrimento e desestruturação que perdurou por décadas, com um saldo humano e social, em grande parte, destrutivo.