Netuno em mosaico: Um tesouro descoberto sob a areia da história.

O mosaico romano conhecido como “O Triunfo de Netuno” é uma das grandes atrações do Museu Arqueológico de Susa, um dos principais cartões-postais da Tunísia e detentor de uma das mais belas coleções de mosaicos romanos do mundo. O museu está instalado no interior de uma fortaleza construída no século IX para proteger a cidade costeira. A Tunísia foi o berço da civilização cartaginesa, que atingiu seu apogeu no século III a.C., antes de sucumbir ao poderio romano em 146 a.C.. Sobre suas ruínas, os romanos ergueram a Cartago Romana, que prosperou por séculos. É desse período que provém o mosaico: originalmente um vasto piso de cerca de 160 m², datado do século II d.C. A imagem reproduzida no reverso desta cédula 1965 mostra a parte central do mosaico: Netuno, empunhando o tridente e conduzido por quatro cavalos marinhos — equinos com caudas de golfinho. Para os romanos, Netuno era um deus de temperamento volátil: as tempestades marítimas eram atribuídas à sua irritação, enquanto a calmaria dos mares indicava sua benevolência. Na peça original, o deus está rodeado por 56 medalhões com figuras de deuses e deusas, cada qual envolto por elegantes guirlandas de folhagem (elementos que não aparecem na versão mostrada na cédula). Por volta do final do século VII, a região passou ao domínio árabe, permanecendo assim até integrar o Império Otomano em 1534. Em 1881, tornou-se um protetorado francês. Foi durante esse período que, em 1886, o mosaico veio à luz, descoberto durante a construção de um acampamento militar francês. Inicialmente pretendia-se utilizá-lo na decoração do quartel-general em Susa, mas em 1888 o diretor do recém-inaugurado Museu do Bardo, em Túnis, conseguiu sua transferência para o hall principal do museu. Mais tarde, porém, a obra retornou a Susa, onde hoje permanece exposta ao lado de centenas de outras peças-primas dessa rica herança cultural.