top of page

1.000 Francs Guinéens – 1985 – Guiné

  • awada
  • 9 de nov. de 2021
  • 2 min de leitura

A dura realidade por trás dos golpes de estados na África Subsaariana.

Em 2021, a África Subsaariana experimentou três golpes de estado bem-sucedidos - no Mali, no Sudão e na Guiné. Ainda houve uma tentativa malsucedida no Níger e uma transferência militar arbitrária de poder no Chade após o assassinato de seu presidente. Esses eventos ameaçam reverter o processo de democratização que a região atravessou nas últimas duas décadas e um retorno à era dos golpes como norma. Entre 1956 e 2001, a África Subsaariana teve 80 golpes bem-sucedidos e 108 tentativas fracassadas, uma média de quatro por ano. Esse número caiu pela metade no período de 2002 a 2019, quando a maioria das nações africanas se voltaram para a democracia. Por que nos últimos anos os golpes voltaram a subir? Nas primeiras décadas pós-coloniais, quando os golpes eram galopantes, os líderes golpistas da África quase sempre davam os mesmos motivos para derrubar governos - corrupção, má gestão, pobreza. O líder do recente golpe na Guiné, Cel. Mamady Doumbouya, ecoou essas mesmas justificativas para derrubar o presidente Alpha Conde. Embora exaustivamente usadas, essas justificativas ainda hoje ressoam para muitos africanos, pelo simples motivo de mostrarem com precisão a realidade de seus países. No que diz respeito à pobreza, uma situação já trágica foi agravada pela devastação que as frágeis economias da África sofreram com a pandemia do coronavírus, onde o desemprego tornou-se alarmante. Estima-se agora que o número de pessoas extremamente pobres na África Subsaariana ultrapassou a marca de 500 milhões, metade da sua população. Esses números criam condições férteis para golpes e para que jovens cada vez mais desesperados, que perderam a paciência com seus líderes corruptos, acolham os golpistas que prometem mudanças radicais, como ocorreu nas ruas da Guiné após a tomada do poder. Por outro lado, líderes como o deposto Conde são parte do problema. A única razão pela qual ele ainda estava no poder até o golpe foi porque ele planejou mudanças constitucionais em 2020 para se habilitar a servir um terceiro mandato como presidente, uma prática comum de vários líderes no continente. Estes golpes não são esperados em países mais ricos e com instituições fortes, como a África do Sul, Gana ou Botsuana, mas nos estados mais pobres e frágeis, como os acima citados. Esta tendência indesejável só poderá ser revertida através dos únicos atores que realmente tem este poder – os próprios líderes africanos.

Comments

Rated 0 out of 5 stars.
No ratings yet

Add a rating
bottom of page