A triste realidade que une uma joia tão valorizada e a pobreza de um povo.

A economia da República Democrática do Congo, o segundo maior país da África, depende fortemente da mineração. No entanto, a atividade econômica ocorre principalmente no setor informal e desta forma não é refletido no seu PIB. Além de possuir alguns dos melhores depósitos mundiais de cobre, cobalto, tântalo, estanho e ouro, o país possui ricas jazidas de diamantes, chegando a ser em 2019 o 4º maior produtor mundial. Mas após anos de guerras, ditaduras e tumultos, a infraestrutura do país ou está em ruínas ou é inexistente, e as operações de extração estão produzindo apenas uma fração do seu potencial. Hoje, na RDC, quase toda a mineração de diamantes é feita à mão. É um processo trabalhoso que requer a retirada e o transporte de camadas e camadas de terra e rocha, às vezes com 15 metros de profundidade, para expor antigas camadas de cascalho onde os cristais são encontrados. Os mineiros então lavam e peneiram o cascalho, uma pá de cada vez, em busca de minúsculos reflexos de luz que podem ser um diamante. Se tiverem sorte, um cristal do tamanho de um grão de pimenta pode render alguns dólares assim que o dono da mina receber sua parte. No distrito de diamantes de Nova York, tal joia, cortada e polida, valeria várias centenas de dólares. Trata-se de uma indústria de US$ 81,4 bilhões que conecta as insalubres minas do Congo com as reluzentes salas de vendas dos varejistas de joias do mundo desenvolvido. Alguns dos mais ricos leitos de cascalho podem também ser encontrados no fundo dos rios que serpenteiam pela região. Lá, os mineiros sifonam o cascalho das profundezas usando bombas montadas em frágeis pontões. Apesar de muitos governos provinciais do Congo terem proibido o trabalho infantil nas minas de diamantes, com tão poucas outras opções de renda, junto com a falta de escolas, muitas crianças não têm escolha a não ser trabalhar nas minas. E para agravar ainda mais a situação, centenas de mineiros morrem todos os anos em acidentes de afogamento e desmoronamentos de túneis, raramente relatados porque acontecem com muita frequência. Mas ainda com todos estes problemas, a mineração de diamantes é uma ocupação da qual muitos homens, mulheres e crianças congoleses têm a esperança de encontrar uma saída para a pobreza.