20 Francs – 1950-60 – São Pedro e Miquelão
- awada
- 10 de jan. de 2022
- 2 min de leitura
Atualizado: 29 de jun. de 2023
O pequeno arquipélago de flutuou em um mar de uísque e vinho durante a Lei Seca Americana.


Último vestígio do outrora imenso território francês na América do Norte, a população das pequenas ilhas de São Pedro e Miquelão, um lugar frio, com nevoeiros e varrido pelos ventos do Atlântico Norte, por séculos tiveram sua existência ligada ao mar, principalmente da pesca do bacalhau. A meio caminho entre Nova York e Groenlândia, elas ficam muito mais perto de ursos polares e icebergs do que dos bares e clubes clandestinos onde os americanos bebiam durante a Lei Seca. Mas graças às peculiaridades de sua geografia, história e leis, o arquipélago francês serviu grande parte da bebida que a Lei Seca deveria impedir os americanos de beber. As remotas ilhas importaram entre 1911 e 1918 um total de apenas 98.500 litros de bebidas, antes do início da Lei Seca que teve início em 1920. Uma década depois, com a proibição da produção, importação e venda de álcool em pleno andamento na América, mais de 4 milhões de litros apenas de uísque fluíram para os armazéns das ilhas, junto com centenas de milhares de caixas de vinho, champanhe, conhaque e rum. Quase todas as gotas desta preciosa mercadoria, provenientes da Europa, Canadá e Caribe, eram embarcadas em navios de contrabandistas com destino ao sul para suprir a insaciável sede americana pelas bebidas proibidas. No início da Lei Seca na América, os vizinhos canadenses estavam dispostos a suprir as necessidades dos milhões de americanos que ainda queriam beber. Mas quando o governo canadense interrompeu o contrabando em sua fronteira, os cidadãos franceses de São Pedro e Miquelão partiram para o resgate dos sedentos americanos. Aproveitando seu status de território francês, já que, ao contrário do Canadá e Grã-Bretanha que tentaram honrar a lei americana proibindo a exportação de bebidas para lá, a França recusou-se a assinar o que ficou conhecido como o Tratado do Licor. Em 1933, o governo americano finalmente reconheceu o óbvio e deu fim oficialmente à lei. Isto foi para São Pedro e Miquelão uma catástrofe, o fim de uma vida de luxo na ilha e o início de uma enorme ressaca econômica. Muitos ilhéus deixaram sua terra natal, mas a maioria regressou gradualmente à pesca do bacalhau. Hoje, os turistas que chegam a São Pedro e Miquelão buscam expressamente as lembranças daqueles poucos anos gloriosos e cheios de fartura.
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