10/50/100 Krooni – 1991 & 94 – Estônia
- awada
- 22 de nov. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 6 de mai.
Um país à beira de um ataque de nervos.






A independência da Estônia, que durante séculos esteve alternadamente sob domínio dos impérios sueco, dinamarquês e russo, veio em 1918, na esteira da Revolução Russa de 1917. A então criada República da Estônia teve apenas 22 anos de existência, já que em 1940 ela foi ocupada pela então União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial. Com a invasão da União Soviética pelos alemães em 1942, o povo estoniano voltou a ter esperança de ver seu país novamente independente, fato que logo foi descartado pelo governo de Adolf Hitler. Após o fracasso da invasão alemã na URSS, uma nova invasão soviética tornou-se inevitável e assim foi estabelecida a República Socialista Soviética da Estônia. Durante os 52 anos de ocupação soviética, muitos movimentos de revolta e até de guerrilha se formaram na Estônia, mas todos foram suprimidos pelo governo de Moscou. Durante este período, os soviéticos deram início a um processo de "russificação" dos países bálticos (Estônia, Lituânia e Letônia), o que fez a proporção de estonianos cair de 90% da população em 1940 para 61,5% em 1989. Após o colapso da União Soviética em 1989, a independência da Letônia foi retomada em 1992, mas a integração entre os diferentes grupos étnicos permaneceu um desafio a ser resolvido. A Estônia aderiu à Comunidade Europeia e a OTAN em 2004. Muitos de seus habitantes de ascendência russa tiveram que passar por um teste da língua estoniana para obter a cidadania. Em parte por causa das dificuldades para aprender a língua, um quinto dos habitantes da Letônia ainda não tem cidadania definida. O quadro mais extremo é verificado em cidades que fazem fronteira com a Rússia, justamente aquelas com pessoas mais idosas que foram incentivadas a se estabelecer lá durante o processo de russificação, cidades onde até 90% de seus moradores são de origem russa. Estas pessoas não aprenderam o estoniano, e na Estônia a restauração da língua local é vista como fundamental para a preservação da própria identidade. Além dos idosos, esta iniciativa também contrariou muitos estudantes de origem russa, que acreditam que o russo deveria se tornar a segunda língua oficial do país. Mas o problema da Estônia com a Rússia não se restringe apenas às diferenças étnicas – ele também existe em relação às fronteiras. Um exemplo claro é o que ocorre no Rio Narva, que juntamente com o lago Peipus, constitui a fronteira russo-estoniana. Há décadas que a Estónia e a Rússia instalaram, de comum acordo, boias no rio Narva, que separa as cidades de Narva, do lado estônio, e Ivangorod, do lado russo, durante o verão. Isto é feito para evitar erros de navegação e que pescadores estonianos e russos não acabem acidentalmente em águas do país vizinho. Por não concordarem com a geolocalização de parte destas boias elas frequentemente são retiradas pelos russos, o que se enquadra para os estonianos em um padrão do comportamento provocatório da Rússia. Em vista dos acontecimentos recentes com a invasão russa da Geórgia em 2008 e da guerra civil na Ucrânia iniciada em 2022 por grupos separatistas pró-Moscou, uma luz de perigo se acendeu para os estonianos, os quais acreditam que serão os próximos a entrar na mira expansionista dos comandados de Vladimir Putin. Dos protestos de Moscou contra o tratamento dado aos russos que vivem na Estônia às constantes invasões do espaço aéreo do país por aviões militares russos, se acumulam os sinais de que uma repetição do roteiro ucraniano pode estar mesmo nos planos do Kremlin para a Estônia.
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