1 Ethiopian Dollar – 1966 – Etiópia
- awada
- 23 de out. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 28 de jun. de 2023
Por que um imperador da Etiópia foi adorado como um deus na Jamaica?


Quando se fala em rastafáris, provavelmente a primeira imagem que vem à cabeça de muitas pessoas é a do rei do reggae Bob Marley e seus icônicos penteados na forma de mechas emaranhadas. Mas além do famoso artista, há outro homem ainda mais importante no coração deste movimento, e ele se chamava Ras Tafari (1892-1974). Esse foi o nome do último imperador da Etiópia, que ao ser coroado adotou o nome real de Haile Selassie, o personagem retratado nesta cédula. Para os seguidores deste movimento religioso judaico-cristão surgido na Jamaica na década de 1930 entre negros camponeses descendentes de africanos escravizados, ele é considerado um deus encarnado, o messias redentor. Mas como um imperador da Etiópia, que está situada a quase 13 mil quilômetros da Jamaica, passou a ser lá adorado? Na verdade, este vínculo está relacionado a um grupo de jamaicanos pobres que acreditavam que a coroação de Ras Tafari era o cumprimento de uma profecia feita por um ativista jamaicano chamado Marcus Garvey, que lutava por mudanças políticas e sociais em uma ilha que teve um triste passado escravagista. Ao dizer "olhem para a África, onde um rei negro vai ser coroado, anunciando que o dia da libertação está próximo" toda esta história teve início. Ainda não está claro se o "rei negro" a quem Garvey se referia era uma pessoa real, mas o mais provável é que se tratasse de uma figura simbólica. Mas, quando as notícias da coroação de Haile Selassie em 1930 chegaram à Jamaica, a associação feita foi imediata - Ras Tafari era rei e, portanto, o dia da libertação estaria próximo. Estava criada a filosofia rastafári, um tipo de nacionalismo militante que deu aos negros um sentido de identidade com a África. Atualmente, as crenças dos rastafáris são muito diferentes. Enquanto os primeiros seguidores da religião procuravam um retorno à África, declaravam Selassie seu único deus e que a Etiópia era o verdadeiro Sião, a terra prometida, hoje eles dão mais importância a um retorno "espiritual". Desta forma o rastafári tornou-se mais um estilo de vida do que uma religião, com práticas onde se destacam o consumo ritual da maconha e o reggae. Em 1966 Selassie visitou a Jamaica e, mesmo após 36 anos de sua coroação, o entusiasmo das novas gerações de rastafáris seguia intacto, mas ele não fez nada para dissipar as crenças sobre a sua suposta condição divina.
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