1.000 Francs – 1960 – França
- awada
- 22 de mai.
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Poder e astúcia: a dupla face do Cardeal Richelieu.


O cardeal francês Richelieu (Armand Jean du Plessis, 1585-1642) deixou uma imagem ambígua e complexa para a história, marcada tanto por traços de maquiavelismo quanto por habilidades políticas notáveis e compromisso com a monarquia. De um lado Richelieu foi frequentemente retratado com uma figura sombria e manipuladora, especialmente na literatura e na cultura popular. Um dos exemplos mais famosos é o do romance “Os Três Mosqueteiros”, de Alexandre Dumas, no qual ele aparece como o antagonista astuto e inescrupuloso. Essa imagem se sustenta em sua habilidade de usar a intriga, a espionagem e a repressão para eliminar opositores e centralizar o poder. Ele reprimiu revoltas de nobres, restringiu o poder dos protestantes (huguenotes) e reforçou a autoridade real às custas das liberdades tradicionais. Por outro lado, os historiadores reconhecem Richelieu como um dos mais brilhantes estadistas da história francesa. Como primeiro-ministro de Luís XIII, ele fortaleceu o Estado e lançou as bases do absolutismo que seria consolidado por Luís XIV. Ele defendeu o interesse do Estado acima de convicções religiosas ou alianças tradicionais, chegando a se aliar a potências protestantes durante a Guerra dos Trinta Anos para conter os Habsburgos católicos. Portanto a imagem de Richelieu não é unidimensional. Para os contemporâneos e para muitos na posteridade, ele encarnou tanto o maquiavélico estrategista do poder quanto o homem de visão política comprometido com a construção de um Estado forte e centralizado. A sua reputação depende, em grande parte, do ângulo sob o qual se observa sua atuação: ética e moralmente ambígua, mas politicamente eficaz.
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